por Marcelo de Oliveira Souza

 

Olá!!! Infelizmente continuamos a viver em um período difícil e de muitas incertezas. As escolas no Brasil desde março de 2020 enfrentam o enorme desafio de encontrar um processo de ensino-aprendizagem que pudesse ser utilizado no período de restrições causadas pela pandemia. Acredito que seja claro para tod@s que as escolas, com raríssimas exceções, fracassaram em encontrar soluções para esse duro desafio. O caminho utilizado foi o da utilização de ambientes virtuais de ensino, que na maior parte dos casos se resumiu ao uso de sistemas de videoconferências para a apresentação das aulas tradicionais. Não houve uma tentativa de mudança dos paradigmas de uma escola tradicional. Utilizaram o que julgaram ser o caminho mais fácil. Um modelo que julgavam temporário, já que sempre havia a expectativa que seria breve o período que as escolas permaneceriam fechadas. O longo período de isolamento social teve um grande impacto sobre toda a sociedade. É óbvio que não foram somente as escolas afetadas. A minha análise, porém, se restringirá somente às escolas de ensino fundamental e ensino médio. É notório que o sistema educacional utilizado na maior parte das escolas brasileiras não acompanhou a evolução da sociedade e muito menos a evolução tecnológica. Como é citado com frequência, uma imagem de uma sala de aula no início do século XX se diferencia muito pouco de uma imagem atual de uma sala de aula em escolas brasileiras. A mesma disposição das carteiras dos estudantes e do espaço utilizado pelo educador ou pela educadora. Um modelo ultrapassado que de forma inesperada foi atingido pela pandemia. As soluções apresentadas para a continuidade do processo de ensino-aprendizagem mostraram a total falta de sintonia entre o ambiente escolar e o cotidiano. Nas escolas públicas ainda foi possível perceber como as famílias tinham limitações para acesso aos ambientes virtuais, causadas pelas situações econômicas adversas, que ainda se tornaram mais graves durante a pandemia. Como oferecer oportunidade para que, com as escolas fechadas, os estudantes continuassem a ter acesso as aulas e ao material didático? A opção encontrada, após um longo período de inação, foi a transferência das aulas para o ambiente virtual. As aulas presenciais e as aulas virtuais necessitam da utilização de modelos pedagógicos diferenciados e de uma mudança dos paradigmas associados a uma escola tradicional. Para essa transição é necessário que ocorram mudanças de paradigmas. Deveria ser o momento para uma reestruturação e modernização das escolas. Não foi isso o que ocorreu, o que ocorreu e o que ocorrerá. Foi considerado um período excepcional e sempre com a expectativa de retorno as chamadas atividades normais da escola. Os professores, os estudantes e os pais ouviam, e continuam a ouvir, esse mesmo discurso. No momento que escrevo essas linhas surge fortemente a alternativa do que chamam de ensino “híbrido”. Na prática é uma adaptação realizada às pressas para receber um número muito pequeno de estudantes de forma presencial na escola e manter a maior parte dos estudantes no sistema virtual de ensino.

Apresento a seguir algumas posições sobre esse modelo alternativo.

No dia 10 de março de 2021 o jornal O Globo publicou uma matéria com críticas a esse chamado modelo “híbrido” do qual destaco três trechos.

 

“…Professores e estudantes relatam, no entanto, que juntar as modalidades on-line e presencial compromete a aprendizagem e sobrecarrega ainda mais os docentes. Segundo especialistas ouvidos pelo G1, nem sequer é correto definir o sistema como “híbrido”, já que não há mudanças nas propostas pedagógicas”

 

O modelo implementado de atender dois grupos ao mesmo tempo exige equipamentos tecnológicos nas escolas e nas casas dos alunos. “Não é a nossa realidade, muito menos em escolas públicas”, afirma Ana Ligia Scachetti, gerente pedagógica da Nova Escola, organização de educação.

 

“Poderíamos pensar em outras opções: metade dos alunos fazendo atividades, enquanto os outros estão com o professor, por exemplo. Depois, trocam. Ou até mesmo um rodízio de professores – um sempre com a turma presencial, outro com a que está à distância. Mas, claro, isso exigiria dividir as classes e repensar os tempos de aula.”

 

Referência: https://g1.globo.com/educacao/volta-as-aulas/noticia/2021/03/10/ensino-hibrido-as-dificuldades-para-o-aprendizado-com-parte-da-turma-on-line-e-a-outra-na-sala-de-aula.ghtml

 

Esses são alguns excertos dessa matéria. Recomendo a leitura da matéria completa.

Há várias referências que mostram que um modelo educacional com poucos estudantes na escola e com a maior parte dos estudantes em casa, acessando as aulas de forma virtual, não é adequado para o momento que vivemos, não é uma solução para evitar a contaminação de professores e estudantes, não estimula a participação dos estudantes, traz grandes dificuldades e problemas para os professores e os resultados obtidos são pífios. Não há uma justificativa para sua utilização. A seguir apresento algumas referências sobre o tema com destaque apara alguns trechos em cada referência.

 

– Is Hybrid Learning Killing Teaching?

“…Over the weekend, a New York math teacher named Michael Pershan tweeted an astute observation, later expanded into a blog post, which suggests one possible cause of many teachers’ reluctance to resume in-person instruction: It’s less that they’re scared of Covid. They’re scared of hybrid teaching. And this, Pershan argues persuasively, is “an entirely reasonable concern about working conditions.”

 

What’s actually happening, Pershan posits, is that the response to the pandemic has made teaching much more difficult and a lot less satisfying, and this is manifesting itself in a reluctance to further entrench the practices that are making teachers miserable, specifically having to simultaneously teach students in class and online. His blunt but accurate observation (just ask a teacher who is doing it) is that this common form of hybrid teaching “hardcore sucks.”

 

Not all hybrid teaching is created equal. Pershan makes the subtle but important point that “synchronous” hybrid learning, with only a few kids present in-person is really hard; when just a few kids are online it’s more manageable. “When most kids are in the classroom and a few are online…it’s not more effective for the kids who are online,” he notes. “But at least I feel like my presence at school is worthwhile. I can more easily help kids with things, I can keep an eye on everyone, and more important, it feels like there’s a real social environment.” When the numbers are flipped, with only a few kids physically present, “that’s a recipe for frustration,” Pershan observes. “That feels like you might as well have everyone stay at home, since you’re basically teaching online anyway.” But you’re also responsible for the kids who are physically present.”

 

Referência: https://www.educationnext.org/is-hybrid-learning-killing-teaching/

 

– 4 Legendary Approaches to Teaching That Impact All of Us. A Tribute to Dan Lortie.

 

“The Psychic Rewards of Teaching

 

Teaching is rooted in what Lortie called “psychic rewards.” Teachers “concentrate their energies at points where effort may make a difference,” rather than in vague discussions about how to make things better, Lortie wrote. Reformers ignore the psychic rewards of teaching at their peril. It’s students, not data that drive teachers. Online learning struggles to address teachers’ psychic connection to their students. Evidence-based improvement often has little impact on teaching because it doesn’t respect teachers’ psychic rewards. Lortie warned against highly structured interventions that are “developed by people whose orientations are different from classroom teachers” and that do not understand teachers culture.”

 

Referência: https://www.edweek.org/education/opinion-4-legendary-approaches-to-teaching-that-impact-all-of-us-a-tribute-to-dan-lortie/2020/05

 

– Hybrid? Blended? Synchronous or asynchronous? How do you take your online teaching?

 

Hybrid teaching

 

“Hybrid teaching has received a lot of criticism. Even though it could well be the best of both worlds and the ideal solution whenever somebody cannot come to the lesson for some reason. The main concerns teachers had with this scenario include sufficient technological background (appropriate audio-visual support), increased workload because of having to deal with two audiences, and classroom management issues. These are absolutely valid concerns. And the first one, which greatly depends on the school’s budget, does determine the whole experience. Still, there are many practical ideas we as teachers could implement, even if we don’t have the perfect infrastructure.”

 

Referência: https://www.cambridge.org/elt/blog/2021/03/05/hybrid-blended-synchronous-asynchronous-how-do-take-your-online-teaching/

 

“At Scofield Magnet Middle School in Stamford, Conn., students have chosen either full-time remote learning or a hybrid model with in-person classes a few days a week and remote instruction for the rest. Teachers are not live-streaming classwork to any students who are learning at home. Placing cameras in classrooms was difficult, and connectivity issues were common for the school’s students, half of whom are eligible for free and reduced-price meals.

 

“If you have two or three kids in a home and you have them all logged in live-streaming all day, that’s going to eat up your data pretty quick,” said Scott Clayton, the school’s principal.

 

The trickiest part, according to Clayton, has been getting students to complete assignments at home, where they might have other responsibilities like child care or a part-time job.

 

Many schools also have struggled to balance investments in personal protective equipment and other safety precautions for in-person instruction with the technology and professional development necessary to reach students who will be learning at home part- or full-time, Dusseault said.

 

She recommends schools actively survey parents and students, and try to structure classes to make the most of students’ time either in person or at home, in whatever hybrid configuration they choose.”

 

– How Hybrid Learning Is (and Is Not) Working During COVID-19: 6 Case Studies

 

“…As with almost everything schools are doing during the pandemic, hybrid learning has inspired a wide range of reactions. Many parents and students are grateful schools are finding creative ways to bring their children back to school buildings while taking precautions against COVID-19. Others have protested schools’ reluctance to fully resume in-person instruction or expressed confusion over complex school plans that seem to be constantly changing. Some teachers find the new demands of hybrid instruction overwhelming, while others are more eager to adapt.

 

“Hybrid learning can be a best of both worlds, or a worst of both worlds reality,” said Bree Dusseault, practitioner-in-residence at the University of Washington’s Center for Reinventing Public Education, which has been surveying schools throughout the pandemic.”

 

Referência: https://www.edweek.org/leadership/how-hybrid-learning-is-and-is-not-working-during-covid-19-6-case-studies/2020/11

 

– Hybrid Schooling May Be the Most Dangerous Option of All

 

“The hybrid model is probably among the worst that we could be putting forward if our goal is to stop the virus getting into schools,” says William Hanage, an epidemiologist at Harvard’s T.H. Chan School of Public Health. “I don’t see how, in the end, this helps teachers,” says Jennifer Nuzzo, an epidemiologist at Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health. “I don’t fully get the hybrid model.”

 

Their argument is simple: If you want to limit children and teachers’ exposure to infection, it’s better to have students spend their time within a consistent group of peers.”

 

Referências: https://www.wired.com/story/hybrid-schooling-is-the-most-dangerous-option-of-all/

 

– As school boards blend in-person and virtual classes, criticism emerges for hybrid model

 

Elsewhere in Vaughan, after weeks of soothing her sons’ meltdowns triggered by remote learning, Afrooz Cianfrone faced renewed frustration when Jobim, 7, and Dante, 5, virtually rejoined classrooms in their York Catholic District home school this week.

…Cianfrone said she has multiple concerns, from teachers balancing the needs of two very different learner groups to whether remote students can effectively access an educator engrossed with an in-person class. Though she thinks teachers are doing their best, “it’s just physically and logistically impossible to do that [hybrid] job and provide equitable education for all kids,” she said.

 

“This is not the way you want your kids to learn.”

 

York Catholic teacher Mary Marcello expressed similar concerns about difficulty connecting with students under the hybrid model. Her first day on Wednesday required three computers: one projecting onto an interactive board for her in-class learners and two more beaming her face and an information screen to her remote students.

 

Refrerência: https://www.cbc.ca/news/canada/hybrid-in-class-online-teaching-1.5762022

 

–  Hybrid Education During Pandemic: Voices of University Students and Faculty Members

 

“Major findings reveal that the majority of the students are motivated more during face-to-face sessions, as they have a chance to go out of the home environment and meet their friends while attending classes, especially during these chaotic periods. Moreover, students believe that fully online courses are less efficient and more boring compared to hybrid courses. Nevertheless, they also fear attending classes physically as it carries a high risk of catching COVID19. In addition, students stated that having both face-to-face and online courses results in a loss of time because of the commute. Another issue stated by the students is the difficulty in the coordination of face-to-face and online participants by the instructors.”

 

Referência:

https://www.researchgate.net/publication/347835207_Hybrid_Education_During_Pandemic_Voices_of_University_Students_and_Faculty_Members

 

Os trechos selecionados somente representam uma bem limitada visão dos artigos citados, assim é recomendado a leitura completa desses artigos. Existem muitos outros trabalhos produzidos durante o período da pandemia sobre o chamado ensino “híbrido”. O que julgo importante é entender que o correto modelo de ensino híbrido considera que a menor parte dos estudantes da turma se encontra acessando a aula a partir de sua casa e a maioria dos estudantes está presente na sala de aula. Não é o modelo que as administrações públicas de municípios brasileiros escolheram. Isso ocorre porque ainda vivemos um momento muito preocupante da pandemia no Brasil.  Em uma parcela significativa das escolas particulares, pelo menos as que acompanho o funcionamento durante a pandemia, a educação online tem funcionado adequadamente após um início com muitas dificuldades, tanto para as escolas, como para os professores, os estudantes e os pais. Devido ao grande número de trabalhadores que não dispõem da opção de trabalho em casa e necessitam estar presentes em seus locais de trabalho, na maior parte das vezes localizados distantes de suas residências, o prolongamento do período da pandemia aumenta a sua angústia em relação a situação dos seus filhos e filhas com a manutenção das escolas fechadas.

Há a necessidade premente de que a escola acolha nas creches, na educação infantil e no ensino fundamental os filhos e filhas dos pais que necessitam trabalhar de forma presencial em locais distantes. O que chamam de ensino “híbrido” não satisfaz a essa necessidade e ainda coloca os estudantes, os professores e os pais em risco. Não há ensino híbrido com poucos estudantes na escola e a maior parte dos estudantes em casa. Existem outros caminhos, mais seguros, para garantir a acolhida desses estudantes em um ambiente escolar. Uma opção possível é o que chamo de escola da proximidade, micro escolas localizadas próximo das comunidades. É necessária uma mudança no ambiente físico da escola. Uma primeira mudança de paradigma necessária é na estrutura física da escola Uma parcela significativa dos estudantes apesar do isolamento social continuou a manter, em pelo menos uma pequena região, contato presencial com amigos e amigas. Formando um grupo local que permaneceu, permanece e permanecerá em contato. Esses estudantes podem continuar esse contato em um ambiente escolar. Para isso ocorrer é necessário ter uma sala de aula na microrregião onde eles vivem. A mudança possível está associada a transferência das salas de aula das escolas tradicionais para ambientes alternativos que possam ser utilizados como salas de aula em uma quantidade maior de regiões, criando ambientes escolares de acolhimento. Nesses ambientes os estudantes podem participar de forma presencial das aulas, que podem ser ministradas de forma presencial pelos professores e pelas professoras ou podem ser acessadas aulas assíncronas e aulas síncronas transmitidas online ou seja, as aulas podem ocorrer com a presença de professores ou serem assistidas de forma virtual e coletiva. A existência de SmartTVs é uma realidade na maior parte das regiões do Rio de Janeiro. Para que haja a participação ativa dos estudantes é necessário, na ausência de professores, haver a presença de mediadores. Podem ser escolhidos como os mediadores moradores das regiões onde os grupos de estudantes vivem.

Não me parece razoável o retorno às aulas durante o período de inverno no estado do Rio de Janeiro. Limito as minhas análises ao estado do Rio de Janeiro. Ainda estamos em um momento crítico da pandemia e sem os professores estarem vacinados é um enorme risco o retorno ao ensino presencial. Riscos para os estudantes, para os professores e para suas famílias. Projeto que de modo seguro as aulas presenciais com a totalidade dos estudantes matriculados nas escolas só deveriam serem projetadas para ocorrer em agosto ou setembro de 2021. Até esse momento deveria haver o acolhimento dos estudantes no modelo que apresentei de escola da proximidade ou outro modelo alternativo com o mesmo objetivo de acolher os filhos e as filhas de pais que necessitam trabalhar em locais afastados de sua residência e não possuam condições de oferecer acolhimento em suas residências durante o momento que estiverem afastados.

A segunda mudança de paradigma necessário é a utilização de novos modelos pedagógicos, mas adequados aos novos tempos que vivemos. Não há como recuperar o tempo perdido. O que é possível fazer é utilizar de um novo planejamento pedagógico de modo a mitigar os efeitos, principalmente para os estudantes da rede pública de ensino, da ausência do ambiente escolar e as dificuldades com o ambiente virtual de ensino. Essa mudança traria novos ares para o processo de ensino-aprendizagem e seria uma grande motivação para professores e estudantes. Não sou um teórico da área de educação. Durante a pandemia participei de algumas atividades e de cursos nas áreas de novos ferramentas educacionais. Algumas já conhecia, outras passei a conhecer a partir desses cursos e atividades. Há ferramentas inovadoras e modelos educacionais. Acredito que as abordagens pedagógicas mais apropriadas para o momento são a aprendizagem baseada em questionamentos, a aprendizagem baseada em problemas, aa aprendizagem baseada em desafios e o ensino colaborativo. Referências para as abordagens pedagógicas para os novos tempos são:

 

–  Pedagogical trends in education

 

Referência: http://files.eun.org/scientix/scx3/newsletter/Scientix-Newsletter-May-19.pdf

 

– Teacher Training and IBSE Practice in Europe, A European Schoolnet overview

 

Referência: http://files.eun.org/Amgen-EUN-IBSE/AmgenTeach-EUN-IBSE-FINAL.pdf

 

– Phases of inquiry-based learning: Definitions and the inquiry cycle

 

Referência: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1747938X15000068

 

– Overview of Problem-based Learning: Definitions and Distinctions

 

Referência: https://docs.lib.purdue.edu/ijpbl/vol1/iss1/3/

 

É necessário inovar. Não é possível com todas as novas ferramentas tecnológicas disponíveis a escola permanecer com uma estrutura física antiquada e utilizar de abordagens pedagógicas ultrapassadas e não condizentes com os novos tempos que vivemos. Uma parcela das dificuldades encontradas pelos estudantes foi causada pelo afastamento da escola do cotidiano desses estudantes.

Toda crise também é uma oportunidade para que novas ideias surjam para o enfrentamento dos tempos difíceis.

Escrevi essas linhas tortas para apresentar algumas propostas para o debate sobre as mudanças necessárias. A minha posição é que a ideia de criar a escola da proximidade e a utilização de novas abordagens pedagógicas são alternativas necessárias e possíveis de serem implantadas nesse período ainda difícil. Acredito ainda que novos paradigmas para a educação estão surgindo. A escola após o período da pandemia não retornará ao modelo tradicional.

Dias melhores virão.

Um fraterno abraço.

Visits: 3109
Total: 129154

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *