A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Papa João Paulo II

por Marcelo de Oliveira Souza

Olá!!! Fé… Razão… Fides et ratio… Fé e razão…  O início… A criação… O nascimento… O surgimento… Da vida… Divina… Modelo sagrado… Em cada alma… De cada ser… A eternidade… O Tempo infinito… O Espaço sem limites… O Universo… Para cada mente… Uma representação… Para a humanidade… A busca permanente do conhecimento… Do entendimento… Da natureza…

Galileu Galilei em 22 de junho de 1633 recebeu o veredito de seu julgamento, conduzido pela Igreja Católica, por defender o modelo de Copérnico. Foi informado que “…a proposição de que o Sol é o centro do mundo e não se move de seu lugar é filosoficamente absurda e falsa e formalmente herética, porque é expressamente  contrária a Sagrada Escritura. A proposição de que a Terra não é o centro do mundo e não está imóvel mas que se move, e também com um movimento diurno, é  igualmente absurda e filosoficamente falsa e teologicamente considerada pelo menos errônea na fé.” O seu livro “Diálogo sobre os sistemas máximos do mundo” foi proibido e ele foi condenado à prisão e a penitência de durante três anos repetir  uma vez por semana os sete Salmos penitenciais.

Em julho de 1925, na cidade de Dayton, no estado de Tenesse,  o professor John Thomas Scope, na época com 25 anos, foi levado a julgamento. Havia sido acusado de  ter violado uma lei estadual que proibia o ensino da teoria da evolução nas escolas públicas. O jornalista Henry Louis Mencken tornou o julgamento conhecido como o “O Julgamento do Macaco” (“The Monkey Trial”). O advogado de defesa era Clarence Darrow, agnóstico e defensor das liberdades individuais (União Norte-Americana pelas Liberdades Civis) e Williams Jennings Bryan, conservador e candidato derrotado à presidência, era o advogado de acusação. O debate entre os dois advogados tornou o julgamento mundialmente conhecido. Ele durou onze dias e foi o primeiro a ser transmitido por rádio. O juiz John Rauston não permitiu que a defesa apresentasse cientistas como testemunhas em favor da teoria da evolução.

A seguir apresento alguns trechos do julgamento (em livre tradução):

“A defesa nega que faça parte de qualquer movimento ou conspiração por parte de cientistas com o objetivo de destruir a autoridade do Cristianismo ou da Bíblia. A defesa nega que tal conspiração exista a não ser na mente do líder evangélico que representa a acusação. A defesa mantém que o livro de Gênesis é em parte um hino, em parte uma alegoria e o trabalho de interpretações religiosas escritas por homens que acreditavam que a terra era plana e de quem não pode ser aceita a autoridade para controlar o ensino de ciência em nossas escolas. O propósito direto da defesa é estabelecer a inocência de Scope.”

“Agora, eu reivindico, e é a base da defesa que estas coisas que nós estamos mostrando são fatos legítimos, tão bem substanciados como a teoria de Copérnico e se isso é assim, meritíssimo, então nós dizemos que desde o seu começo  esta lei é uma restrição irracional à liberdade dos cidadãos e não está inserida no poder de polícia do estado.”

Clarence Darrow no quinto dia de julgamento interrogou diretamente Williams Jennings Bryan.

“-Sr. Bryan, você acredita que Eva foi a primeira mulher?

-Sim

– O sr. acredita que ela foi feita literalmente da costela de Adão?

-Sim.

– O sr. já descobriu onde Caim encontrou a sua esposa?

– Não, senhor; Eu deixo que os agnósticos a encontrem.

– O sr. nunca descobriu?

– Eu nunca tentei descobrir.

-O sr. Nunca tentou descobrir?

-Não

– A Bíblia diz que ele encontrou uma, não foi? Havia outras pessoas na Terra naquele momento?  

– Eu não posso dizer.

– O sr. não pode dizer. Isso já entrou em sua consideração?  

– Nunca me aborreceu.

– Não havia nenhuma outra pessoa registrada, mas Caim encontrou uma esposa.  

-Isso é o que a Bíblia diz.

– De onde ela veio você não sabe. Tudo bem. A declaração, ” E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.” e “E foi a tarde e a manhã, o dia segundo.” significa alguma coisa para o sr.?  

– Eu necessariamente não penso que significa um dia de vinte e quatro horas.

– O que o sr. considera que seja?  

– Eu não tentei explicar isto. Se o sr. considerar o segundo capítulo – deixe-me ler o livro (examinando a Bíblia). O quarto versículo do segundo capítulo diz: “Eis as origens dos céus e da terra, quando foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus”, a palavra “dia” é usada para descrever um período. Eu não vejo que há alguma necessidade em interpretar as palavras, “a noite e a manhã”, como necessariamente significando um dia de vinte e quatro horas, “no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus.”

– Então, quando a Bíblia diz, por exemplo, ” Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a manhã, o dia segundo. ” não  necessariamente significa vinte e quatro horas?  

– Eu necessariamente não penso que significa.  

– O sr. pensa que significa ou não?  

– Eu sei que muitos pensam assim.  

-O que pensa o sr.?  

– Eu penso que não.  

– O sr. pensa que esses dias não dias literais?  

– Eu não penso que eles sejam dias de vinte e quatro horas.  

– O que pensa o sr. sobre isso?  

– Essa é a minha opinião – Eu não sei se minha opinião é melhor nesse assunto do que as do que pensam que significa um dia de vinte e quatro horas.  

-Você não pensa isso?  

– Não. Mas eu penso que seria da mesma maneira fácil para o Deus que nós acreditamos fazer a Terra em seis dias como em seis anos ou em 6.000.000 anos ou em 600.000.000 anos. Eu não penso que seja importante se nós acreditamos em um ou no outro.

– O sr. pensa que eram dias literais?  

– Minha impressão é que eles eram períodos, mas eu não argüiria  contra qualquer pessoa que quer acreditar em dias literais.”

John Thomas Scope foi condenado a pagar uma multa. O julgamento teve uma enorme repercussão. Evitou que outros estados adotassem leis parecidas.

Em agosto de 1999 o Comitê de Educação do estado de Kansas, nos Estados Unidos, determinou que os estudantes não fossem testados em seus conhecimentos sobre a teoria da evolução. Não houve a proibição da apresentação da teoria da evolução, porém não poderia ser avaliado o conhecimento adquirido pelos estudantes.

Apresento a seguir alguns trechos da carta encíclica “Fides et ratio” (Fé e Razão) do Papa João Paulo II.

“…basta um simples olhar pela história antiga para ver com toda a clareza como surgiram simultaneamente, em diversas partes da terra animadas por culturas diferentes, as questões fundamentais que caracterizam o percurso da existência humana: Quem sou eu? Donde venho e para onde vou? Porque existe o mal? O que é que existirá depois desta vida?”

“São questões que têm a sua fonte comum naquela exigência de sentido que, desde sempre, urge no coração do homem: da resposta a tais perguntas depende efetivamente a orientação que se imprime à existência.”

“A Igreja não é alheia, nem pode sê-lo, a este caminho de pesquisa. Desde que recebeu, no Mistério Pascal, o dom da verdade última sobre a vida do homem, ela fez-se peregrina pelas estradas do mundo, para anunciar que Jesus Cristo é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo14, 6). De entre os vários serviços que ela deve oferecer à humanidade, há um cuja responsabilidade lhe cabe de modo absolutamente peculiar: é a diaconia da verdade. Por um lado, esta missão torna a comunidade crente participante do esforço comum que a humanidade realiza para alcançar a verdade, e, por outro, obriga-a a empenhar-se no anúncio das certezas adquiridas, ciente todavia de que cada verdade alcançada é apenas mais uma etapa rumo àquela verdade plena que se há – de manifestar na última revelação de Deus: “Hoje vemos como por um espelho, de maneira confusa, mas então veremos face a face. Hoje conheço de maneira imperfeita, então conhecerei exatamente”(Cor13, 12).”

Céu limpo para todos!!!

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