“A verdade é filha do tempo, não da autoridade.” Galileu Galilei

por Marcelo de Oliveira Souza

Olá!!! Céu estrelado… Gentes admirando a beleza da natureza… Pontos luminosos em movimento… Curiosidade despertada… Mistérios alimentando a alma criativa… Criando novos mundos… Construindo deliciosas teorias…  Elaborando intrincados enredos… Histórias que fazem brilhar os olhos das gentes miúdas… Estrelas navegando do firmamento para surgirem nos olhares atentos e sorridentes… Em cada mente… Uma nova jornada tem início… Com o passar do tempo, as mesmas gentes, mesmo com todas as agruras da vida ainda mantém em algum canto escondido os mesmos olhares atentos e sorridentes… Em uma bela poesia de Mário Quintana… A moça do arame… Uma gente miúda olhando admirada a exibição da moça… Aguardando poder observar algum segredo escondido à medida que a moça se despia… Mesmo sendo alertada por seu tio:

“Bobo!
Não sabes que elas trazem sempre uma roupa de malha por baixo?”

(Naqueles voluptuosos tempos não havia maiôs nem biquínis…)

Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgens segredava-me sempre:
“Quem sabe?…”

Eu tinha oito anos e sabia esperar…”

Mário Quintana (trecho da poesia “A Moça do Arame”)

O mundo gira… As gentes crescem… Mas continua presente e bem acomodada a esperança… Aguardando ser estimulada a aflorar…  Quem sabe???

Voltando no tempo… Visitando os Maias… Civilização que atualmente desperta tanta atenção… O fim do Mundo a cada dia mais próximo… Profecia inexistente despertando angústia nas gentes ingênuas e crédulas…

Os Maias… Grandes astrônomos do passado… Conheciam com precisão o ciclo de Vênus, astro que eles chamavam de Chak Ek’. Há seis páginas sobre o ciclo no Códice de Dresden, um dos raros livros Maias que não foram destruídos pelos espanhóis. O planeta Vênus é o ponto luminoso mais brilhante no Céu depois do Sol e da Lua. Sempre despertou muita atenção. Por ser um planeta localizado entre a Terra e o Sol ele somente pode ser observado ou poucas horas antes do amanhecer ou poucas horas após o pôr-do-Sol. Nunca ambos ao mesmo tempo, ou surge como estrela matutina ou como estrela vespertina. Os Maias sabiam disso. Perceberam também que Vênus surge como estrela matutina, na madrugada antes do nascer do Sol, durante aproximadamente 263 dias, depois permanece aproximadamente 50 dias sem ser observado, retorna por aproximadamente 263 dias como estrela vespertina e depois desaparece por 8 dias, voltando novamente como estrela matutina e fechando o ciclo. Chamamos esse ciclo de período sinódico. O período sinódico é o período orbital de um astro quando observado a partir da Terra, ou seja, é o período para o retorno do astro a mesma posição aparente no céu. Um fato interessante é que o período de 263 dias é aproximadamente o período de gestação das gentes. Por isso algumas vezes, e em algumas civilizações, o período que Vênus está visível no Céu é associado ao período de gravidez. Entre dois surgimentos como estrela matutina temos um período aproximado de 584 dias, para ser mais preciso são 583,924 dias. Os Maias perceberam também que após cinco ciclos de Vênus, que são 2920 dias (5 x 584dias = 2920 dias), temos oito anos terrestres (8 x 365 dias = 2920 dias). O planeta Vênus começa a surgir como estrela matutina no mesmo dia (com diferença de aproximadamente dois dias quando consideramos os anos bissextos). Devido ao fato de que os Maias usavam um sistema de contagem de base 20, o mais próximo para eles do nosso século correspondia a 104 anos. Nesse período temos 65 ciclos completos de Vênus e há 13 períodos de 2920 dias. Vênus repete 13 vezes a sua posição no Céu quando surge como estrela matutina. Era o que eles chamavam de grande ciclo. O número 13 refere-se às grandes articulações do corpo humano que eram os locais de entrada das doenças: o pescoço, os dois ombros, os dois cotovelos, os dois pulsos, os quadris (dois), os dois joelhos e os dois tornozelos. O número 13 também representava os níveis do paraíso de onde os senhores sagrados governavam a Terra. Por isso, ao fim desse grande ciclo, existia a possibilidade de grandes tragédias. O aparecimento de um astro no horizonte antes do nascer do Sol é chamado de nascer helíaco. O nascer helíaco de Vênus e das Plêiades tinham grande valor para os Maias e também para inúmeras civilizações. Para os Maias o nascer helíaco das Plêiades representava o início do ano e o nascer helíaco de Vênus estava associado a conflitos, momento para guerras. Alcione, a estrela central do aglomerado aberto das Plêiades, era considerada pelos Maias o local de sua origem. Morada de seus antepassados. Os Maias conheciam com precisão os períodos sinódicos dos planetas Mercúrio, Marte, Júpiter e Saturno. Com a utilização de dois ciclos para Marte conseguiam acompanhar o seu movimento retrógrado. (Os planetas exteriores, localizados depois da órbita da Terra, durante um curto tempo do seu período sinódico invertem o seu movimento aparente em relação às constelações, chama-se a esse fato de movimento retrógrado) Os ciclos lunares eram bem conhecidos. Os Maias faziam previsões dos eclipses solares e lunares. Conseguiam identificar o momento, das fases da Lua e dos eclipses, no passado e no futuro. A constelação de Órion também tinha papel de destaque em sua mitologia. A Via-Láctea, chamada de Wakah Chan, era considerada a árvore do Mundo. As nuvens de estrelas que formam a Via-Láctea eram a árvore da vida, local de onde surgiram todas as formas de vida. Há muito mais dados relativos ao conhecimento dos Maias sobre o Universo e seus mistérios. O que mostra claramente que eram excelentes astrônomos!!! É sempre bom destacar que apesar da coincidência do término do 12º Ciclo do calendário de longa contagem dos Maias no dia 21 de dezembro de 2012, não havia nenhum registro de que os Maias tivessem feito alguma previsão de grandes tragédias para essa data. No final de 2012 muitas gentes crédulas em falsos profetas demostraram enorme preocupação com relatos que eram disseminados nas redes sociais sobre a iminência de ocorrer uma grande tragédia… Nada aconteceu…  

Bom… Uma grande civilização… Quanto mais informações são conhecidas, maior a admiração pelos Maias… Maravilhosos astrônomos do passado… Observações realizadas a olho nu… Engenhosos sistemas… Fontes de inspiração… Elemento de motivação… Para novos planos… Novos projetos… Em breve estaremos no espaço… Viajando entre os astros… Quando será??? Amanhã??? Quem sabe??? Seguimos sonhando…

Céu limpo para todos!!!

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