“Todo homem toma por limites do mundo, os limites de seu próprio campo de visão.” – Arthur Schopenhauer

por Marcelo de Oliveira Souza

Olá!!!Uma sinfonia… A Música e a Matemática… Para Johannes Kepler (1571-1830), “todo o céu é música e harmonia”. Em seu livro “Mistério Cosmográfico (Mysterium Cosmographicum,1596), escrito quando tinha 25 anos, Kepler buscava a “bela harmonia que existe entre as partes do Cosmos”. Nesse livro propõe que as distâncias entre os seis planetas conhecidos na época (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno) podiam ser analisadas considerando como base os cinco sólidos platônicos (tetaedro, cubo (hexaedro), octaedro, dodecaedro e isocaedro). Kepler propõe que: “A órbita da Terra é a medida de todas as coisas; circunscreva-se em torno dela um dodecaedro e o círculo que contém este será o de Marte; circunscreva-se em torno do círculo de Marte um tetraedro e o círculo contendo este será o de Júpiter; circunscreva-se em torno do círculo de Júpiter um cubo e o círculo contendo este será o de Saturno. Agora inscreva-se dentro da órbita da Terra um icosaedro e o círculo contido nele será o de Vênus; inscreva-se dentro da órbita de Vênus um octaedro e o círculo contido nele será o de Mercúrio. E desta forma obtemos a razão para o número de planetas.” A Geometria e a Astronomia de mãos dadas, tendo fatores místicos como um elemento de motivação para essa união. 

Alguns anos depois, Kepler, trabalhando com Tycho Brahe, tem acesso a observações mais precisas dos planetas. Em 1619 escreve o livro “Harmonia do Mundo” (Harmonices Mundi). Nesse livro apresenta as suas leis para o movimento planetário. No esforço, para construir um modelo harmônico para o Universo, busca uma associação entre a Geometria, a Astronomia e a Música. Uma sinfonia para o mundo. Sugere uma associação das razões entre a maior e a menor distância dos planetas nos seus movimentos em torno do Sol com as razões associadas a intervalos musicais consonantes. Cada planeta produzia uma melodia. Uma música celeste. Um papel em um coral para cada astro. Mercúrio, o som mais agudo. Vênus, a soprano. A Terra o contralto. Marte, o tenor. Júpiter e Saturno, os baixos, os sons mais graves. Imaginou a melodia que o nosso planeta entoava. Devido ao momento em que viviam na Europa. Um período de conflito. Devia ser um lamento triste. “A Terra canta mi, fá, mi; você pode dessas sílabas deduzir que no nosso lar há miséria (Miseriam) e fome (Famem)”. Uma melodia pessimista… Proposta de um ser humano… Na Natureza ciclos periódicos de nascimentos e mortes… Cada ciclo deixando a sua semente… Para uma sinfonia permanente… Bela… Alegre… Otimista… Acalanto para cada novo nascimento…

Kepler propôs a sua sinfonia. Tentando uma ressonância com a sinfonia dos astros. Em suas palavras: “Os movimentos dos céus não são mais que uma eterna polifonia.” Um ser humano se esforçando para decifrar algumas linhas de um livro divino. Música… Matemática… Astronomia… Harmonia para um mundo misterioso… Limitado… Pelos nossos sentidos… Sem limites… Sem bordas… Sem fronteiras… Em nossos sonhos… Em direção às estrelas…

Céu limpo para todos.

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