por Marcelo de Oliveira Souza

“Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.”
Manuel Bandeira

Olá!!! Acalanto ao fundo… Pensamento em um recanto… Em uma terra distante… Exótica… Interessante… Bela… Mistura de cenários arquivados na mente… Recordações de uma vida vivida… Lembranças ainda presentes…

Desde a antiguidade há relatos que buscam traduzir o imaginário das civilizações da época. A busca pelo entendimento dos fenômenos naturais, o sonho de poder voar como os pássaros e de conhecer mais de perto os astros, são elementos comuns à vários povos. Que civilização ao observar a Lua e as estrelas não imaginava um dia poder visitá-las? É um sonho universal de todos os tempos.

O sírio Luciano de Samósata que nasceu no ano 125 A.C. e faleceu em Alexandria no Egito provavelmente próximo ao ano 181 A.C. escreveu diversos livros. Em um deles, “A História Verdadeira”, ele relata uma viagem à Lua, e imagina a existência de seres extra-terrestres, os Heliotantes, habitantes do Sol, e os Selenitas, habitantes da Lua. Em um trecho é narrada uma disputa entre esses dois povos, citando a construção de uma gigantesca muralha no espaço de modo a não permitir a chegada da luz solar na Lua. Este livro corresponde há um dos primeiros relatos de ficção científica. É um texo satírico, em alguns momentos apresenta paródias de trechos de “A Odisséia” de Homero.

O astrônomo alemão Johannes Kepler (1571 – 1630) no livro “Somnium” (Sonho), publicado em 1634 após a sua morte, imagina uma viagem à Lua. O livro foi publicado pelo seu filho Ludwig Kepler. Muitas pessoas consideram esse livro como a primeira ficção científica moderna. O herói do livro, é um jovem chamado Duracotus, que viaja à Lua com a ajuda de sua mãe, Fiolxhilde. A ida deles à Lua é realizada através do uso de poderes sobrenaturais. Imagina no livro a existência de seres gigantescos na Lua. Descreve-os em detalhe. O que se acredita ter motivado Kepler a escrever o livro foi a idéia de tentar analisar como uma pessoa que estivesse na Lua veria os fenômenos celestes.

Em 1865 o escritor francês Jules Verne (1828-1905), em seu livro “Da Terra à Lua”, imaginava uma viagem em direção ao nosso satélite natural. Para a realização dessa façanha, supõe o uso de um grande canhão para lançar uma cápsula à Lua. O escritor inglês Herbert George Wells (1866-1946) escreveu alguns livros de ficção científica. Deve-se a ele o primeiro relato de uma invasão da Terra por alienígenas no livro “A Guerra dos Mundos”. Imagina também uma viagem através do tempo no seu livro “A Máquina do Tempo”. Tema bem atual…

Um dos precursores da Astronáutica, o russo Konstantin Eduardovitch Tsiolkovsky (1857-1935) também se dedicou a escrever livros de ficção científica. Imaginou viagens à Lua, e a exploração do espaço pela humanidade.

No Brasil não temos uma grande tradição de escritores de ficção científica. Monteiro Lobato na série do Sítio do Pica-Pau Amarelo descreve uma viagem à Lua e apresenta dados sobre astronomia no livro “Viagem ao Céu”. Um clássico.

Há diversos escritores hoje em dia no mundo que escrevem bons livros de ficção científica. A nossa visão do futuro, os nossos sonhos, são os elementos motivadores para os futuros cientistas. Muitos dessas propostas e imagens apresentadas por escritores e sonhadores do passado estão presentes em nosso cotidiano. Alguns com forma parecida a previsão inicial. Seria uma antevisão do futuro, ou relatos que sendo aceitos pelas novas gerações, fizeram com que se buscasse produzir equipamentos que se assemelhassem aos previamente propostos? Cenários do futuro  construídos com os sonhos do passado. Uma lição para o Brasil. Uma nação necessita sonhar… Imaginar o futuro…

Como navios que não foram construídos para permanecer no porto, apesar das intempéries… A humanidade deve seguir o seu destino… Como dizia Tsiolkovsky, “a Terra é o berço da mente, mas não podemos viver para sempre em um berço”… Em direção às terras imaginadas… Criadas… Inventadas… Nos sonhos… Terras da esperança… Da Paz… Fraternas e justas…

Céu limpo para todos.

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1 thought on “Terras sonhadas… Visões do futuro…

  1. Grande Marcelo, parabéns pela iniciativa!
    Nestes tempos de pandemia, olhar o céu de madrugada com uma luneta tem sido reconfortante. A poluição luminosa aqui no Rio de Janeiro atrapalha bastante, mas dá para ver, lá pelas quatro da madrugada, do meu ângulo de visão, Júpiter e os satélites galileanos, Saturno com o anel principal e o pequeno disco avermelhado de Marte. Se aguentar mais um pouco, olhando para o nascente, dá para ver Vênus em crescente. Depois dou uma olhadinha nas Plêiades. Nem reclamo mais da insônia…

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